26 de jan. de 2011

Caindo:

   Estou escrevendo com uma baita dor de cabeça. A cada dia que passa, sinto que a vida tenta me dar uma lição. As pessoas com quem cruzamos, nossos relacionamentos e nossas atitudes parecem que teimam em dar errado às vezes. E pode nem ser sua culpa, naquele momento.
   Se sentir confuso, é perfeitamente compreensível, mas há um momento em que se deve nortear seus pensamentos, sentimentos e desejos, para que você não engane a si próprio. Uma vez enganado, automaticamente, você engana os outros. E consequentemente, mais confusão para algum terceiro. E esse terceiro pode ser eu, ou você.
   Nesses momentos em que me sinto confuso, ou enganado, procuro escrever. Eu paro. Num instante, os amores da minha vida são um papel e uma caneta. Basta. As palavras vêm, e mesmo assim, algumas vezes elas teimam em me derrubar. Nunca fora bom em metáforas, mas lembro-me que escrevi dos buracos. Acho que às vezes caímos em buracos muito semelhantes. E quando nos tocamos, estávamos correndo em círculos e caindo no mesmo buraco sempre, como ratos idiotas.
   A sensação de se estar confuso é a mesma daquele seu pesadelo, quando você cai do precipício. Não há absolutamente nada para se basear, nada de concreto para segurar as suas crenças. Por isso, digo que devemos nos nortear. Entretanto, quando já se está no meio disso tudo, pode ser muito complicado e duro de estabelecer a verdade interior de cada um dos indivíduos envolvidos. Triste verdade. Quanto mais se deseja o sucesso, pode ser aí que more o fracasso.

Cegueira:

   "Um pai presenteia seu filho no Natal. O embrulho todo embasbacado esconde o maior presente da vida do garoto.
   - Quero que construa. Não se preocupe com o tempo que levará, mas sim com o que vai aprender com isso.
   - Tudo bem, papai. Posso abrir?
   - Claro.
   - Puuuxa! Um quebra-cabeças! De mil peças! Será que eu consigo terminá-lo até o próximo Natal?
   - Creio que toda pessoa deveria ganhar este presente um dia, filho. Embora não creio que alguém um dia consiga terminá-lo.
   O filho, não entendendo muito bem o recado do pai, nota uma peculiaridade no brinquedo. Não há imagem de resultado, apenas um quadro branco. Quando o filho abre a caixa, se espanta ainda mais.
   - Mas que é isso? As peças são todas brancas! Como vou poder montar um quebra-cabeças sem saber o que eu estou fazendo?
   - Este é o grande mistério de nossas vidas, garotinho. Um dia você entenderá. - responde o pai, feliz com o descontentamento do menino."

   Li uma história semelhante num livro. Não seria muito mais fácil para o garoto, se ele tivesse noção do resultado do quebra-cabeças? Ele saberia diferenciar céu de terra, fogo de água. Mas não, era tudo branco. Não seria muito mais fácil viver, se pudéssemos ter um lampejo de trinta segundos do nosso futuro? Saberíamos que decisões nos levariam ao sucesso, e quais nos levariam ao fracasso. Seria muito mais fácil caminhar de olhos abertos, do que vendados. Mas a vida não conta com uma imagem-resultado. Pisamos em ovos todos os dias, em cada segundo, não sabendo com exatidão o que cada escolha que fazemos agora acarretará no futuro. Na vida, não há vantagens para mim, nem para você.
   Às vezes pensamos que a vida é injusta conosco, por não nos dar essa oportunidade. Ver a felicidade estampada no sorriso de alguém e ver que sua vida não anda lá essas coisas é muito chato. Trilhamos o caminho da vida, todos cegos. A única diferença é que uns se encontram e se ajudam, enquanto outros trocam rasteiras e tapas para ver quem fica com o melhor pedaço do caminho.

18 de jan. de 2011

Sem título:

   Sei que mais cedo ou mais tarde esse momento viria: teria de escrever um artigo sem título. Senti que precisava escrever, e cá estou eu digitando no meu melhor modo de me expressar. Pelo fato de isso ser um blog, eu não conto nada de pessoal aqui em detalhes. Creio que vocês que não me conhecem, em sua maioria perguntam o que realmente está acontecendo por trás dessas palavras.
   Vou fazer 16 anos mês que vem. Comecei o ano de uma forma muito legal, com planos e novos desejos, como todo mundo. E logo de cara já me veio a primeira queda. Sim, não demorou muito pra eu perceber que um 'buraco' que disse no post anterior deveria ser encarado por mim. E eu me achei numa situação engraçada, afinal, quando escrevi aquilo, estava bem e confiante.
   O fato triste é que não é fácil escalar qualquer buraco. Ainda mais um desses. Explodi. Me senti extremamente nervoso, ansioso e me descontrolei. Acabei descontando a culpa em mim mesmo, mas de certa forma me fez sentir melhor. De novo. Isso aconteceu na pior hora, no pior momento. Eu cedi à pressão. Eu não suportei, e naquele momento percebi que eu vivia numa base fraca demais para suportar o castelo dos meus sonhos. Quando lembro disso, dói. Me sinto tão desconfortável quanto quando me senti assim pela primeira vez. Não gosto de lembrar, não gosto de revelar meus segredos. Sou sonhador, e agora vivo a realidade de um mundo com a qual não estava preparado para lidar. Tento ajudar a todo mundo, e acabo equivocadamente sendo pior do que poderia ser. Não é isso o que eu quero pra mim.
   A vida é frágil demais para ser analisada, julgada e compreendida. Por isso, não conto o que se passa, pois iriam me analisar, me julgar, pouquíssimos iriam realmente me compreender. Minha vida é mais do que o cara que mora sozinho numa cidade diferente. Sou mais que um 'troll' metido a engraçadinho que quer ver todos rindo. Minha vida não se resume. Ela é bem extrema, poderia dizer.
   Então, não julgue meu exterior, porque na verdade, você pouco me conhece. Você não sabe da minha vida. Frágil vida.