Não sei se muita gente se importa com a vida alheia.
Com certeza a sua empregada se importa com a sua. Bem, o problema dessa vez é comigo, e com meus pais.
Não que realmente haja um problema dentro da família, como alcoolismo, traição. Não, de modo algum. O problema é um pouco mais "pessoal". Tem horas que sinto falta deles. Para quem não sabe, eu moro longe dos meus pais. Moro 'by myself' numa cidade próxima, mas só os vejo em finais de semana. Isso já faz mais de um ano.
No entanto, isso não começou agora. Sempre foi assim: meu pai ocupado de mais, e minha mãe sempre me cobrando notas altas na escola. Viagem? Não. Férias? Tem que estudar! Estudou? Pouco, estuda mais, vagabundo! Isso me cansava. Eu gostava de estudar, e sempre tirava notas boas. Mas minha mãe achava que não era mais que a obrigação. E realmente era só minha obrigação mesmo, eu acreditava. Mas será que um "parabéns" não caía bem em certas ocasiões? O que acontece é que eu não me lembro de NENHUM parabéns dos meus pais. Eu já levei mais parabéns dos meus professores, do que dos meus próprios pais. Têm noção do que é isso?
Eu cresci e me acostumei com isso. Porém isso me faz falta hoje. Um carinho, um abraço por exemplo. Por mais simples que seja. Quando reclamo disso para os meus pais, eles não entendem: dizem que me davam muito carinho. Ah, será? Será que eu é quem não percebia?
Não sei o que é isso. Se eles não se orgulham de mim, se eles estão tão preocupados com outras coisas, que na verdade não possam me dar atenção. Nada justifica isso. Meu pai já disse que prefere um filho de bem com a vida mil vezes mais do que um filho inteligente. Minha mãe, no entanto já me fez pensar de outra forma. Ela diz que eu acabo com a família, só falo porcaria e estou me tornando um irresponsável.
Minha mãe continua gritando. Acabamos de brigar, pra variar. Isso acontece o tempo todo. Por mais que eu tente, eu não consigo parar de odiá-la pelo fato dela não demonstrar carinho por mim. E essa raiva explode quando ela grita comigo. Se faz de vítima, de mártir, de isso, de aquilo. E meu pai acha que eu escondo as coisas dele. Pelo contrário! Sou o mais transparente o possível com ele.
Não sei o que se passa aqui em casa, que há todo momento tem alguém infeliz, alguém gritando ou até chorando. Ah, que inferno. Quero uma vida feliz e saudável. Hoje em dia pouca gente quer isso. Quem sabe a grama do vizinho é mais verde mesmo. Ou talvez ele só saiba regá-la melhor que nós.